quarta-feira, janeiro 02, 2008

Love and Other Disasters

É estranho começar a bloggar (ou será blogar, deixo ficar bloggar, parece ter mais pinta) em 2008 com tamanho assunto...

Mas este filme foi uma boa comidela de caco de acabei de ver, após um dia estranho, para não dizer meio estúpido. O primeiro dia do ano cheira-me sempre a pouco e como que a amostra do que está para vir. Tenho de deixar de ligar a isso... O caminho é traçado por nós. Adorei o filme, uma boa comédia romântica do cinema europeu, sem pós de arroz holliwoodescos, um filme simples, deixo-vos a crítica mais bem estruturada de Nuno Reis, que nestes casos tem mais dom de palavra do que eu... não é difícil...

"Love and Other Disasters" por Nuno Reis

Desastre seria não amar

Apesar de o Reino Unido produzir frequentemente vários filmes excelentes os títulos mais facilmente reconhecidos como ingleses serão, ironicamente, as co-produções americanas. As suas origens vincadas, aliadas ao marketing agressivo da ex-colónia, criaram uma recordação forte. Escondendo a saga Harry Potter o que sobra do cinema inglês? Que títulos mais depressa são lembrados como vindos das ilhas britânicas? Sem grande margem de erro qualquer lista de cinco filmes incluiria "Notting Hill" ou "Love Actually", dois dos filmes mais populares e lucrativos que estúdios ingleses tiveram nos últimos anos. Nenhum deles é exclusivamente britânico, ambos transmitem ideais românticos de forma interessante e são estragados - especialmente o primeiro - por um final americanizado. Chegou o filme que acaba com isso. Em "Love and Other Disasters", segunda obra de Alek Keshishian, as comédias românticas ganham uma nova definição.

Jacks é uma anglo-americana a viver em Londres. Incapaz de assumir um compromisso com um homem que ame, namora com um homem de quem não gosta e para evitar arrepender-se disso não tem um único amigo heterossexual e trabalha numa revista de moda. Iremos acompanhar as desaventuras amorosas de Jacks e do seu companheiro de casa Peter numa Londres bastante gay, onde nenhum consegue encontrar o homem das suas vidas. Peter e Jacks são um só, o sujeito que quer amar sem saber o que procura. E a sua amizade um pelo outro irá levá-los a descobrir que podem não arranjar para si próprios, mas querem ver o amigo feliz. A história desta dupla é contada sem qualquer tipo de tendência pró ou contra a homossexualidade. Isso é de saudar no cinema moderno que costuma ser tendencioso e ou apela a homofobia ou é propaganda pela sexualidade desviante. Aqui o tema é o amor e as pessoas são apenas acessórios para demonstrar as várias formas de amar. Aqui existe apenas um tipo de relação considerada invulgar. A amizade pura entre homens e mulheres na opinião de Jacks apenas é possível quando um deles não pode sentir atracção sexual pelo outro. Nada nem ninguém ao longo do filme contraria esse ponto de vista.

O argumento tem um fio condutor empolgante e é dignamente interpretado por alguns nomes pequenos do cinema europeu e Brittany Murphy num dos seus papeis mais exigentes até à data. Para completar a sátira até surgiram duas estrelas importadas por Hollywood. Momentos quase geniais de comédia, críticas inesperadas aos clichés do cinema e, aquilo que me conquistou, uma imensa homenagem a Audrey Hepburn e à sua eterna Holly Golighty.


E deixo-vos com um dos momentos mais marcantes do filme, em texto, para mim excelente, fora do contexto do filme, parece piegas, por isso recomendo a visita a uma sala de cinema mais próxima...

Emily 'Jacks' Jackson: Stop living your life like you're in some kind of movie.
Peter Simon: Excuse me?
Emily 'Jacks' Jackson: Stop trying to cast your love instead of just meeting him.
Peter Simon: When I meet him, I'll know.
Emily 'Jacks' Jackson: I'm not so sure. Love isn't always a lightning bolt, you know? Maybe sometimes it's just a choice.
Peter Simon: Well, that's easy for you to say! You're flying to Argentina to meet the love of your life!
Emily 'Jacks' Jackson: That's just it. I don't know that Paolo's the love of my life, but I've decided to give him the chance to be. Maybe true love is a decision. You know, a decision to take a chance with somebody. To give to somebody. Without worrying wether they'll give anything back. Or if they're gonna hurt you, or if they really are the one. Maybe love isn't something that happens to you. Maybe it's something you have to choose.
Peter Simon: So what do I do?
Emily 'Jacks' Jackson: Well, you could start by putting all of those fantasies of true love where they belong, into your work of fiction.


Sbreinz

1 comentário:

Mariana disse...

O amor é, sempre, uma escolha. Tenho de ir ver esse filme!

E o dia 1 é, sem dúvida, o dia mais inútil do ano.

Um excelente 2008 para ti *

banner aerokit
Send large files and attachments easily to friends