quinta-feira, junho 29, 2006

Dia 4 - Briallos - Padron

Dia 4
Briallos-Padron (25 km's)

A noite não tinha sido das melhores...
Estava ansioso... começava realmente a parecer que faltava pouco e ao mesmo tempo ainda tínhamos tanto pela frente, mas o sentimento era que já tínhamos passado o mais difícil, não que houvesse marcado nenhum Cabo da Boa Esperança ou coisa parecida, mas naquela altura parecia que já lá estavamos porque haviamos começado, ou pelo menos, eu havia começado a interiorizar o caminho... Havia também o facto de ser o último dia em que estavamos todos juntos, todos quero dizer o pessoal que haviamos apanhado em Redondela na primeira noite, apesar de a conversa ser por vezes pouco mais do que habitual, sentiamos que havia um sentimento de conjunto no grupo em geral. Juan & Juan, não iriam até Padron, Juanito dizia que lhe era difícil fazer os 25 km's num só dia, Baldo e Elena, iriam apanhar um autocarro, estavam a fazer caminho desde o Porto e já estavam cansados e queria estar em Santiago cedo, por isso iam ficar mais próxima da cidade para fazerem um curta peregrinação no dia a seguir e aí sim, chegar a Santiago a pé... :|
Por isso também me custou a noite, parecia que estavamos a chegar e ao mesmo tempo parecia que faltava pouco para acabar e para também nós nos separar-mos para as nossas vidas normais...
A noite foi engraçada, o albergue não tinha cortinhas nas janelas, por isso não era preciso contar carneiros para adormecer... bastava contar os carros que passavam lá fora, que eram muito poucos, e iluminavam o quarto como a passagem de uma estrela cadente...
De manha acordamos com os primeiros raios de luz lá fora... Juan Maria e Hughes são os primeiros a abandonar o albergue, ainda estava eu a fazer a mochila quando os dois partiram, cada qual para seu destino... Juan sabia que iria encontrar em Padron, Hughes não sei se saberia mais dele ou não, mas a verdade é que no passado sábado estive com ele no Porto, a mostrar-lhe a Ribeira, a nossa boa cozinha e os nossos vinhos do Porto, ele ficou encantado... e lá seguiu viagem para Fátima...
Tomamos o pequeno-almoço na companhia de Juan & Juan, Baldo e Elena ainda dormiam... saímos do albergue e despedimo-nos de Juan & Juan, nada de B&E...
À porta de albergue, a Ana obrigou-nos a tirar uma foto, e de repente ouve-se "SANCTI SANCTI"... era baldo a chamar por nós à janela... foi uma risota porque era bem cedo, e não fosse a malta do campo acordar cedo e aquilo ser meio descampado, teria acordado muita gente... :D
Lá voltamos atrás e estamos 5 minutos na despedida, a Ana recebeu uma rosa de Baldo... eu e o Lu passamos o resto do caminho a imaginar a reacção a seguir a isso de Elena... :D
Lá seguimos caminhos e a 100 metros do albergue efectuamos a nossa primeira ultrapassagem a J&J... :D que não haviam reparado que tinhamos ficado para trás logo no início e pensaram que nos estavamos a meter com eles por causa de eles irem mais devagar que nós... conversamos um pouco e rimos, e lá seguimos caminho... uma bocado entristecidos porque estavamos a deixar 4 amigos para trás...
O caminho foi engraçado, pelo meio dos campos até Caldas de Reis, depois a Ana perguntou informações a um grupo de gaijos saídos da FIESTA da noite anterior, ao que comenta, fogo aqueles gaijos já começaram a beber a estas horas da manhã? :D LOL...
E à saída de Caldas de Reis não vimos uma seta escondida por um carro e fizemos o nosso primeiro engano no caminho, mas por sorte foi de apenas para aí 100m...
O caminho aí entrou numa mancha verde... bem bonita, o caminho era realmente agradável... passavamos por algumas pessos que estavam nos campos... vimos passar um montão de ciclistas na estrada, devia ser alguma corrida...e sempre que passavamos por perto da estrada principal, esperavamos que passa-se um autocarro com o Baldo na janela a gritar "SANCTI.... SANCTI..." :D
Depois de termos caminhado cerca de 12 km's e aparece-nos um café mesmo ao pé do caminho, decidimos parar para comer, eram cerca das nossas 10h e já estavamos a pensar em almoçar... entramos e sentamo-nos no balcão, por detrás do balcão uma mulher de preto pequenina, que nos serviu os bocadillos que eu tinha pedido pequeninos... :D ao que ela pega numa baguete para aí com metro e meio e diz, isto dá para os três.... :D as sandes estavam boas, mas foi preciso arranjar coragem para as comer...
Estivemos no bar para aí 45 minutos... decidi ligar a Juan para saber como estavam... estavam também parados a descansar ao pé de uma igreja, a cerca de 2 km de nós... como iam começar a andar decidimos esperar por eles, para os incentivar a irem até Padron... para isso arranjamos uma bela de uma sombrinha e toca a esticar as perninhas... Como eles nunca mais chegavam quase dormiamos e passada uma hora e meia lá passam J&J... mas nem pararam... agora pensando bem, talvez não parasse... era quase como se estivessemos a fazer troça deles por irem mais devagar...
Deixa-mo-los avançar e lá tomamos caminho. O caminho seguia novamente por uma mancha verde muito bonita e fresca... passamos o Juanito e encontramos o Juan ao pé de uma ponte sobre o rio Ulla (ou talvez não), paramos e ficamos na conversa com ele, entretanto chegou Juanito e fomos até ao rio molhar os pés... ficamos mais um pouco na conversa e dissemos que ainda faltavam uns 8 km's para o albergue... Juanito confessava que parecia pouco, já tinhamos feito 16 até aquele ponto e agora era mais um bocadinho, mas que não conseguia... com tristeza lá fomos embora... paramos 500m à frente numa fonte... naquele dia não haviam as paragens técnicas, pelo contrário, havia as caminhadas técnicas de tempo a tempo :D ...
Novamente mancha verde e o grito/berro da Ana que ia sendo mordida por bicho, alvo de chacota por minha parte e do Lu, fizemos um salvamento de um pequeno pássaro do betão quente da hora do almoço e coloca-mo-lo num sítio à sombra (será que se safou depois disso?)... passa-mos uma localidade que tinha uma messagem de animo no chão escrita no meio das setas, faltavam 2 km's...
Até que passamos o rio e Padrón ficava já ali... chegamos ao albergue e encontramos Juan Maria, que tinha adorado o caminho e estava muito emocionado e encontramos também B&E que tinham decidido adiar um dia a chegada a Santiago para estar mais uma noite com o "nosso" grupo... no meio disto tudo escrevi uma mensagem a Juan a avisar que o albergue ficava no km 23, quase 24... e disse que era bom se conseguissem fazer um esforço... ao que ele me respondeu que sim que iam tentar... no albergue estava mais um italiano (Fabian) que também ia a caminho de Fátima.
Nós tomamos o banhito normal e fomos para um bar beber e comer... estavamos com sede e fome, e conseguimos um onde ia dar o jogo do Brasil, o Lu estava a delirar, mas 2 minutos de entrar no bar começou a delirar com outra coisa, de nome Isa, uma menina que nos atendeu... muito bonita e simpática por sinal.. que nos ensinou o que era um "puticlub", mas que ficou embaraçada ao explicar... :D
Entretanto J&J conseguiram chegar, já o Brasil ia na 2ª parte... tinham eles feito também a sua paragem técnica para conseguirem chegar até ao albergue... estava radiante, e eles também... Juan confessou que parecia que tinha mais uns filhos a tomar conta e a torcer por eles... era verdade, eramos um só...
Fomos todos jantar e fizemos a foto do grupo, depois foi voltar ao albergue e dormir... foi um belo encontro aquele jantar, a única coisa má eram os foguetes da comunhão e o vento frio que estava ali ao pé do rio...
E foi assim que se passou o quarto dia... foi o "DIA" gozámos o caminho como deveria ser, formamos um grupo maior que nós mesmos e interagimos... não vou dizer que a caminhada nesse dia não costou... claro que sim, foram 25 km's os joelhos no final já não eram os mesmos, mas todas as vivências desse dia fizeram esquecer qualquer outra coisa má que tivesse passado pela nossa cabeça...
No dia a seguir iamos começar cedo, e sem pequeno-almoço, era domingo e estava tudo fechado, e o único café aberto às nossas 6h00 era num terreola afastasda (La Escravitude), segundo as informações da nossa amiga Isa...
Amanhã era o último dia...



Fotos do Dia:
http://picasaweb.google.com/tiago.filipe.gomes/BriallosPadrN

terça-feira, junho 27, 2006

Dia 3 - Pontevedra - Briallos

Ai que este dia custou...
Para começar a noite foi algo fria... estávamos mesmo ao lado da janela que estava aberta para trás... mas antes o frio que o cheirinho que pairava no ar...
Mas lá passou a noite e quando demos conta, éramos os últimos a sair do albergue, bem quase os últimos tinham ficado 4 ciclistas para trás, mas eles andavam ao nosso alcance...
Ao chegar ao único bar / pastelaria aberto, com um aspecto decente paramos... mas estava infestado por ciclistas alegres... podera, tinham largado toda a podridão durante a noite...
A espera para sermos atendidos foi grande, mas a de ser servido foi maior...
Enquanto esperávamos, vimos Juan e Juan a passar, devem ter passado a noite num dos hoteis próximos, bem como um montão de outros ciclistas que apareciam não se sabe muito bem donde...
Durante o pequeno-almoço estava muito apagado, basicamente estava ainda indisposto da salada da noite anterior... nem mesmo uma passagem rápida pelos "servicios" me tinha deixado mais aliviado...
Uma despedida do resto do grupo que tinha sido ilegalmente introduzido no albergue e ala que se faz tarde para a caminhada...
Em Pontevedra tinhamos feito 2 km's... por isso faltariam 14 km's para o albergue... coisa pouca para um dia... antes de sair da cidade ainda tempo para uma foto na catedral...
Ao entrar no subúrbios da cidade, tomo a frente de alvoroço, estava tão mal disposto que aguentava ir atrás... (para ajudar passei um cantil para o Lu que não tinha nenhum....) foi um alívio nas costas... :D... até à primeira mancha verde do percurso fiz o favor de puxar a malta... devo admitir que psicologicamente deve ter sido dos piores momentos da caminhada, de tão mal disposto estava...
A mancha verde, traz um caminho totalmente diferente de tudo até aí... bosque cerrado com muita água à mistura... lindo... aí uma primeira conversa com "Juanito"... o encontro com os amigos dos primos da Ana, da "aldeia"... :D
No final da subida da mancha verde, um patamar e uma linha do comboio para atravessar... aí mais um encontro com Juan e a 1ª pausa técnica do dia... a 30 m da 2ª paragem técnica...
A primeira numa rampa de uma garagem, com a companhia de Juan... umas barritas, uns líquidos e um concurso de "basquetebol" improvisado com a caleira das águas pluviais... até que uma senhora passa de carro e nos avisa de uma fonte já ali abaixo...
Lá partimos nós a caminho, mas não resistimos ao local da fonte... com um murinho espectáculo para nos recostar-mos e uma fonte de água fresquinha... após análise à mochila do Lu, decidimos que seria melhor tirar o peso a mais da meloa... como não sou fã, tentei dar meloa a todos os ciclistas que passavam... a maioria era portugues... tinham bandeiras a identificar, mas a minha boa acção só fez furou para o Juanito que adorou a Meloa... pelo caminho passou uma "procissão" de veículos antigos, todos nos apitavam e cumprimentavam... entretanto o Lu e a Ana descobriram "Las CABRITAS"... andaram desaparecidos para aí 15 minutos a ver cabras... o dia não podia estar a correr melhor... :D
A viagem seguiu, e o caminho começou a apanhar uma parte com algumas alterações devido à nova linha de comboio, o caminho parecia não acabar com tantos estradões para fazer...
Finalmente o rendimento estava a dar frutos e o albergue aproximou-se de nós... chegamos lá na companhia de Juan...
O albergue era encantador, asseado e comfortável... tinha um aspecto realmente acolhedor...
Quando chegamos fomos recebidos com muita alegria, mesmo assim não nos esquecemos de pedir desculpas pela barulheira da noite anterior... eu tinha levado a revista que o Baldo se tinha esquecido no albergue de Pontevedra e sem mais nem menos, passei a ser o Sancti... Porreiro...
Depois de um banho reconfortante, ficamos com os restos do almoço dos espanhóis... que simpatia... mas não tinhamos grande hipótese, a loja da aldeia estava fechada e o restaurante mais próximo era a uns 2 km's pela estrada nacional...
Depois do almoço um descanso no alpendre, que soube pela vida... este dia foi cheio de momentos assim, juntos os três, a comentar o caminho e o que nos tinha acontecido... foi diferente e pela primeira vez acho que partilhámos o nosso caminho...
Ainda tivemos tempo para falar com o Hughes (canadiano), que estava a fazer o caminho para Fátima... o rapaz já fez o caminho Francês e vinha a contar fazer o caminho primitivo, mas graças à CP, trocaram-lhe Valencia por Valença do Minho... :D
Depois veio uma visita à loja da aldeia... era a segunda, mas à primeira ninguém nos abriu a porta... desconfio da SIESTA... arranjamos qualquer coisa para o jantar e lá nos aguentámos, eu tentei estudar, mas depois veio uma conversa interessante com o Hughes que durou até ao jantar... UPS...
Depois do jantar uma volta para ajudar a fazer a digestão... e mais um momento mágico na lavandaria onde nos juntamos de maneira a não incomodar o pessoal que já estava na cama...
Depois a ida para o quarto... a Ana foi rainha nessa noite e teve um quarto só para ela... pelo menos até à chegada do Baldo... "SANCTI... SANCTI..." que desgraça... mas era para se despedir de nós... provavelmente não o veríamos mais...
A noite ficou pesada e triste porque não contávamos estar todos juntos no próximo albergue... era a tristeza de perder uma parte do caminho...

Fotos do dia 3:
http://picasaweb.google.com/tiago.filipe.gomes/PontevedraBriallos

Dia 2 - Redondela - Pontevedra

Pois o acordar desse dia é que foi uma bela obra...
Primeiro foi o casal do canto que começou a organizar a bela da mochila às 6h20 (deles)... ai ai ai, não é que não tivesse dormido muito, mas ainda me faltavam umas horas de sono pela frente, mas também não faltou muito e o raio do despertador improvisado começou a tocar...
A minha primeira função era acordar a Ana e o Luís... parecia coisa fácil, visto que a Ana estava a dormir por cima de mim (no beliche) toca a começar a tocar entre as tábua no colchão, mas pareceu-me que aquilo estava a ter um efeito contrário ao esperado, será que ela estava a sonhar com umas massagens? Decidi tomar outra iniciativa, antes que adormece-se e voltasse a acordar com o outro grupo de portugueses que estavam no beliche ao lado... já estava a ser difícil acordar sozinho, não queria voltar a acordar com mochilas... vai daí que tomei o ataque e toca a lançar uma das mãos para cima e tentar acordar a Ana com toques no braço... acho que consegui... agora ela que tratasse de acordar o Lu... (tarefa difícil)... mas alcançada...
Saímos do albergue e primeira missão... pequeno-almoço, seguimos para um lado da terra e nada, toca a experimentar o outro e já agora tentar descobrir se a mercearia está aberta... népias... apesar de eles (galegos) terem o relógio adiantado uma hora, continuava na mesma a ser mt cedo... acabamos por tomar qualquer coisa num café a 20 metros do albergue... e mais uma difícil missão, porque pelos vistos os gaijos só têm madalenas para comer (desde a minha última caminhada a Santiago que não podia ver essas coisas à minha frente, mas lá teve que ser... acompanhadas por um chá...)
Lá arrancamos finalmente e descobrimos que o outro grupo de PT's só nessa altura é que saía do albergue... provavelmente ainda foram tomar um pequeno-almoço, mas o Luís fez todo o caminho na ânsia de ser apanhado e ultrapassado por uma miúda de 12 anos... :D
A etapa não prometia nada de especial, apenas duas subidas e cerca de 22 km's...
A primeira subida, trouxe a primeira fonte, bem a meio o que foi agradável para primeira pausa técnica, depois na descida uma vista muito agradável e mítica sobre a Ria de Vigo (qualquer coisa que me fez lembrar "As Brumas de Avalon"), a meio uma foto com o casal das 6h20 que estava à espera que o Sol subisse para tirarem mais fotos da Ria... enfim aqueles vinham a gozar o caminho, coisa que só aprendemos a fazer com o tempo...
Depois uma pausa técnica num passeio ao lado de uma frutaria... 3 laranjas e uma saca de uvas... Óptimo como diria alguém mais tarde... seguimos a viagem e a passagem por uma ponte foi outra vez motivo de sessão fotográfica... segui-se uma passagem por uma aldeia com ruas íngremes... das piores do caminho (já faziam parte da 2ª subida) e a passagem para trilho, sempre a subir, com direito a uma foto numa ponte romana... no topo da subida já sucumbiamos ao calor e à sede, apesar dos cantis ainda estarem a meio, faltava água fresca e corrente... aí aparece o José Maria, o primeiro contacto, foi estilo ZEN... pareceia que estava numa de meditação / yoga descalço e afastado da mochila uns 15 metros... dizia ele se alguem quiser levar a mochila fixe... (depois desta ideia tentei implementar uma nova táctica na minha mochila que era tentar convecê-la a seguir-me, mas ela é muito casmurra)... seguimos e uns metros à frente (agora dito parece pouco, mas na altura devem ter sido para aí ainda uns 1,5 kms) aparece uma fonte bem maneirinha... com sítio para descansar à sombra ou sol, conforme as preferências... concordamos que ficariamos pelo menos 35 minutos parados... foi outra das pausas técnicas para comida e restablecimento de energias... entretanto passaram por nós o José Maria e o Juan (que me aliviou a mochila comendo uma das maças que trazia)... agora me lembro foi aqui que fiz a lavagem de parte do saco da comida, porque a pera que não comi parecia que tinha saído da espremedora.... :)
Daqui para a frente a viagem foi um pouco suplício, faltavam pouco quilómetros mas era sempre asfalto e pela estrada nacional com um calor arrebatador...
Finalmente a chegada ao albergue... que estava a fechar, no horário a abertura estava marcada para daí a 2 horas e havia um aviso a informar de 2 albergues nas redondezas um a 10 e outro a 16 km's... Paramos e descansamos um pouco, ainda propus seguir para Briallos a 16 km's, mas o pessoal olhou para mim de lado, os pés estavam quentes e os musculos cansados, ainda estavamos a sentir danos do dia anterior...
Decidimos comer na "tasca" ao pé do albergue... decidimos ficar cá fora e descobrimos que José Maria comia no interior... não tardámos a chamá-lo para a nossa beira... conversámos e descobri-mos que era polícia em Badajoz (não conhecia a música do Paco Bandeira... :( ). Como boas vindas, ofereceu-nos um licor no final do nosso "almoço" pedimos uns bocadillos a pensar estilo em meia sande, não tinhamos fome, apenas cansaço, e saiu-me meia baquete, à Ana uma super salada e ao Lu uma senhora refeição de lombo... O licor cheirava à "receita" do Meireles, mas o sabor era bem pior... dei um trago e tava a ver que ia vomitar tudo o que tinha comido, a Ana passou pelo mesmo... a nossa sorte foi o Lu que adorou e bebeu 3 coisas daquelas... andou feliz o resto do dia...
Passou o Juan por nós, mas dirigiu-se para a estação de comboios, não o vimos mais no resto do dia...
Finalmente o Albergue abre e escolhemos as nossas camas no canto, junto à janela... revelou-se uma mais valia... :D depois um banho merecido e um pequeno descanso com tentativa de estudo, lavagem de roupa (na máquina e mais tarde a secagem também porque choveu a potes) e decidimos jantar no albergue, convidamos o José Maria, que por arrasto trás o Baldo e Helena. Num raid às compras para o macarrão e salado do Baldo, eu a Ana e o José demoramos montes de tempo... o José conseguia meter-se com todas as raparigas que passavam, tipicamente espanhol :)
A confusão da preparação do jantar foi a normal, eramos muitos na cozinha. O jantar estava "bom", mas mais tarde mostrou a sua garra...
Entretanto, o jantar acaba, e chega a Pipa, a Sofia e o Maltesers... enviados especiais de Portugal, ou seja, não tinham nada mais para fazer e vieram-nos visitar... foi porreiro, juntamo-nos na mesa do jantar, e a comida que tinhamos guardado já dava sinais da sua graça... ninguém consegui tocar nela... só de se falar nos ingredientes da salada, o pessoal franzia o nariz e eu pensava com os meus botões como é que tinha comido daquilo... :D Juntou-se ao grupo alguns fanáticos das biclas e a conversa durou pela noite dentro... Expressões memoráveis: "Óptimo", "Poreiro" e "tacão deste tamanho"... todas ditas pela mesma pessoa :D
Depois de lavada a louça, tarefa que me calhou a mim... por sorte a Sofia mostrou ser uma ajuda mais uns dedos de conversa e caminha... aí acontece o imprevisto.... albergue cheio... sinónimo de "camarata" calorenta e mal cheirosa... já para não falar no ronco generalizado... mas para isso já tive grande escola... :D
Mas isso são histórias do dia 3...

Fotos do dia em:
http://picasaweb.google.com/tiago.filipe.gomes/RedondelaPontevedra

Abracix,

Santi

quinta-feira, junho 22, 2006

Dia 1 - Valença do Minho

Aqui vai um resumo do primeiro dia...

Por sorte havia uma menina no grupo que levava um diário de bordo... e escreveu tudo o que se passou... A minha maninha Ana é um espectáculo.
Lembro-me que me custou imenso chegar a Porrino que era apenas a meio da etapa... estava muito calor e não estava preparado, mas uma paragem para o almoço restabeleceu algumas forças, e as pombas de Porrino adoraram a minha mochila. Em Porrino também ouvimos as tormentas prometidas para a tarde, mas por sorte elas passaram por nós enquanto descansavamos... Ufa menos uma coisa para chatear e mais um peso em vão na mochila... mas acredito piamente que se não tivesse levado o raio do impermeável tinha apanhado a molha da minha vida... a diferença não havia de ser muita, é que estava sempre transpirado... e de tal maneira que nesse dia formou-se um novo grupo de rock, os "Virilhas Assadas"...
Mas este dia foi algo desmotivador... passamos Tui e não tinha comprado a minha credencial, pois não encontrei a minha antiga... em Porrino disseram-me que a probabilidade de me cederem a Compostela era muito baixa... mas mesmo assim não deixei de seguir o caminho, como mais tarde me disse o José Maria, a Compostela está na nossa cabeça.
Depois do almoço, eram as minhas costas que me matavam, além do calor intenso do betume que me fazia queimar os pés... a paragem na fonte a 12 km's do destino soube a mel, apesar de ter trazia borbulhas à Ana, a minha trouxe uma verificação à mochila que me melhorou a caminhada, mas pela frente vinham 2 subidas dignas de serem contornadas, mas o pior era na verdade a 2ª descida, foi nessa descida que os meus joelhos começaram a ceder e a meio senti os tornozelos a estalarem... a partir daí, arrastei-me. Nesse ponto apercebi-me que estava bem acompanhado, pois os meus companheiros de caminhada souberam aguentar-me e seguir caminho comigo. Na verdade senti nesta caminhada que fortalece-mos em muito a nossa amizade, aceita-mo-nos como somos e estivemos sempre bem uns com os outros.
A chegada ao Albergue foi mais um decepção, pela primeira vez na vida iam deixar um peregrino dormir ao relento... porque não tinha o raio da credencial, por sorte a minha maninha Ana, tinha trazido duas, e riscou o seu nome numa e colocou o meu... simples e eficaz...
Veio um jantar fantásticamente servido por uma senhora super simpática e bem disposta, o que só animou o fim do dia, na albergue, as última forças foram para escrever com a Ana o seu diário de bordo e tirar umas fotos...
Depois fechou-se o tasco e ligou-se o despertador... já não me lembrava de adormecer ainda de dia há muito tempo... tenho pena dos miúdos espanhóis, devem sofrer muito ao ter de ir para a cama ainda de dia...

Fotos do dia em :
http://picasaweb.google.com/tiago.filipe.gomes/ValenARedondela

Diário de Bordo da Ana deste dia

"1º dia (15/6/06)

E cá estou eu a começar a escrever… sem lentes! Com muitas dores e cansaço…
O dia começou bem cedinho… alias nem sei bem se dormi alguma coisa de jeito… estava ansiosa, com medo, com vontade! Mas cá estamos nós, depois de trinta e muitos quilómetros… ainda me lembro da energia que sentia do início! Porque?! Porque ainda a tenho, ainda a sinto apesar do cansaço!
Partimos de Valença as 9h, a rir, a dizer parvoíces! Passamos pela primeira vieira que marcava 115 klm! Tiramos fotos à verdadeiros portugas!
O livro que o Peregrino me deu é fixe... la o abrimos de vez em quando para lançar uma frase para reflectir! A Pipa também gostou (6h20 da manha e lá estávamos nós a porta de casa dela para um beijinho antes de partir!).
Bem voltando ao caminho que começou depois daquela vieira… muita recordação, sítios que recordo com muita nostalgia! Até esta cama que partilhei com a Tisa… hoje estou aqui com o Lu e o Tiago!
Mas voltando ao caminho… desde credencial deixada em Tui até joelhos emperrados… dor nos gémeos! "Mas quem nos manda vir fazer os caminhos grávidos? Ainda por cima de gémeos" (que seca… mas obvio que deu para rir!)
Ai, mais uma subida… Mas afinal a agua é potável ou não? "Oh bebe, no máximo aparecem-te umas borbulhas nas pernas" pois, e apareceram mesmo…
Descidas! Nãããooo! "Ai o meu Gervázio!!" e coitada da bolha "que se vai chamar Cariño!".
Nunca mais chegamos "Ai agora é que está a custar que fode!"
Sabiam que o verdadeiros amigos é aquele que aparece quando toda a gente desaparece?
Chegamos ao albergue e começou a chover, que sorte a nossa! Os telefonemas para os papas, umas mensagens a dar notícias, algumas saudades já (fraca!!!).
Vamos jantar! Que fome! Uns hamburguers (empregada simpática acharam eles), uma mini volta pela cidade que está em festa (sorte! Gomas a um euro!)
Agora estamos deitadinhos, depôs de muitas tentativas para aliviar as dores… O Tiago ouve musica aqui ao meu ladinho… o Lu lê um livro aqui ao meu ladinho… hmm, tanto miminho só para mim!...
Bem, hoje não me apetece falar sobre o que pensei…. Se calhar porque não pensei e mnada de jeito a não ser que ia conseguir!
Amanha há mais… alvorada às 6h!"

sábado, junho 10, 2006

PDI effect

Ai ai ai...

Estou a ficar velhote...
É verdade, e não é preciso que o digam eu sei e até arranjei um estimador de idade, nada de genial mas que parece ir funcionando, contudo ainda merece ser alvo de ajustes.
A ideia é simples, basta contar o número de funerais e de casamentos a que se vai no ano... acho que não é preciso explicar muito mais...
Mas caso não fosse o casamento da minha priminha hoje, estaria de rastos pois o tal esquema daria-me um idade a rondar os 70 e tal anos...

Ou seja... tou a precisar de casamentos... quero dizer de ir a casamentos ou saber de casamentos de amigos, ou coisas assim... para poder fazer uma melhor estimativa para as minhas corelacções... ou melhor para as enganar e me sentir um pouco mais jovem...

P.S.: Primita, espero que este seja o dia mais feliz da tua vida...

Abracix

quinta-feira, junho 08, 2006

Pensamento do dia ....

Aquele que ao longo do dia
é activo como uma abelha,
forte como um touro,
trabalha que nem um cavalo
e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão,
deveria consultar um veterinário porque é bem possível que seja burro!

sexta-feira, junho 02, 2006

Excelente Serviço - MBF

Para quem não conheçe fica aqui um excelente link...

MAIL BIG FILE

Podem ver um banner na parte de cima do blog em si.... :D

É um serviço que permite-nos enviar emails com ficheiros de grandes dimensões, seja o que for.
Não é necessário ser assinante de nada nem instalar programas no nosso PC basta um browser, colocar o email para quem é o mail e fazer upload do ficheiro para o servidor deste  serviço.
A pessoa visada recebe um email a avisar que recebeu um ficheiro grande e um link para fazer o respectivo download.
Funciona perfeitamente e é rápido o suficiente para ninguém desesperar, sendo melhor que transferência via MSN.

Eu uso-o há pouco tempo, mas acho que veio para ficar.
Se fosse a avaliar dá-va-lhe 5 em 5.

Abracix

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